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Arquitetos: German Müller; German Müller
- Área: 78 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Federico Cairoli
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Bovero encontra-se localizada na comuna de Arroyo Leyes, província de Santa Fe, a 10 km da capital provincial dentro de uma área residencial de alto valor paisagístico. Esta comuna, junto às cidades de Rincón, Colastiné e outras, era, antigamente, o local das casas de veraneio das famílias residentes de Santa Fe, contudo, devido à falta de terrenos na cidade e à melhora nas redes de conexão viária e nos serviços nos últimos anos, a região cresceu exponencialmente e já conta com residências de famílias estabelecidas permanentemente ali. Assim, sobre a Rota Provincial Nº1 estabeleceu-se uma grande quantidade de loteamentos e obras de urbanização que expandiram o conglomerado como Grande Santa Fe.
Devido à baixa cota dos terrenos onde foram implementados os loteamentos e a ocupação de terras nas várzeas dos rios, a problemática desta região são as inundações, tanto pela cheia dos rios, quanto pelo escorrimento das águas de chuva. Por isso, foi necessário implantar a residência em uma cota segura, e, com isso foi preciso elevar a casa a um metro do nível do terreno para igualar a cota de segurança existente.
O projeto deveria propor uma solução para uma residência de aproximadamente 80 m2 para uma professora de literatura cujos filhos já estavam emancipados, o que demandava ampliações futuras imediatas, com um orçamento limitado, através do programa de crédito hipotecário Procriar para um terreno de esquina de 16x55 metros.
A residência busca apropriar-se da linearidade do lote configurando uma fachada urbana na rua de acesso, e abrindo esta fachada ao bosque de eucaliptos que existe em frente a ela, como um espaço sem urbanização. O programa foi resolvido de forma linear, com a sequência sala-cozinha-banheiro-dormitório, introduzindo um pátio no centro da casa, que incorpora a paisagem ao interior da residência e organiza a cozinha como um setor de reunião em torno a uma copa integrada ao pátio.
A preexistência dos eucaliptos de grande porte e de uma grande quantidade de espinilhos típicos da paisagem ribeirinha marcam a importância de conservar a maior quantidade possível de árvores inserindo o desenho da casa na paisagem. A sombra produzida pelos eucaliptos foi considerada na decisão relativa à implantação leste-oeste do projeto, que permitiu abrir a casa ao norte, onde se dão as melhores condições de iluminação.
O espaço interno é delimitado pela caixa de paredes que, em sua configuração, responde a três questões: é o suporte estrutural da residência; o elemento programático que organiza em sua profundidade, o apoio aos espaços internos projetados como espaços livres; e, por fim, é o elemento simbólico que carrega a coleção de livros que faz parte da rotina da habitante.
O orçamento limitado levou à tomada de decisões que evitassem acabamentos posteriores na obra, e que tornassem a própria construção, uma expressão material dela mesma. Os materiais aparentes definem as cores e texturas da obra como resultado e expressão da técnica implícita no processo de construção, sem nenhuma tentativa de esconder sua essência.